“O conceito da Bisarro cresceu enquanto estudava na universidade e, com a experiência que adquiri no mundo da cerâmica, decidi transformar o projecto em realidade. Naturalmente, a concretização passou por várias fases de adaptação e evolução, fases que mesmo no dia de hoje ainda não estão completas. Este ethos de nada ser finito ou estar sempre em evolução é uma das mais importantes características representativas da Bisarro. Dado que a evolução é algo inerente ao design de cada peça, é natural que novas ideias sejam partilhadas.
Porém, a evolução de técnicas tradicionais tem de ser considerada com precaução, pois falamos de um choque cultural entre duas diferentes maneiras de abordar este produto particular e a maneira específica como é criado.
Por um lado, temos um design que se baseia, entre outras coisas, na produção, tendências e normas industriais para ser respeitado. Por outro, temos o artesanato, em que cada peça é diferente e o conhecimento é passado de geração em geração, aproveitando a liberdade criativa e formal.” (Renato Rio Costa)
“A Bisarro surgiu como um projecto sócio-cultural, ligado fortemente às raízes tradicionais e artesãs, numa altura em que as artes ancestrais se tornaram bastante valiosas. Este projecto nasceu de uma técnica tradicional de produção de cerâmica negra, valorizando a sua arte e as pessoas que a praticam.
A cerâmica negra é uma arte secular passada entre gerações de artesãos que se dedicaram à produçao e comercializaçao de peças decorativas e com utilidade. Assim, o conceito da Bisarro é baseado na forte simbiose entre os diferentes mundos de design e artesanato, resultando em ideias e produtos únicos.” (Renato Rio Costa)
“Todas as nossas peças são feitas de barro extraído em Trás-os-Montes (Norte de Portugal), que depois é cortado e filtrado para poder ser manuseado. Este é um material 'pobre' que se torna valioso quando embutimos o design e a verdadeira dedicação de um mestre artesão.
Não adicionamos químicos ao barro que usamos. A madeira de carvalho, usada em algumas peças, e a cortiça, usada em algumas tampas, são obtidas e produzidas em Portugal.” (Renato Rio Costa)
Cada peça é feita à mão e conta com alguns pequenos processos semi-industriais, tais como moldes de gesso e rodas de olaria eléctricas. São depois cozidas em forno artesanal que usa biomassa ou lenha recolhida durante limpezas de floresta. Cada peça é única devido às manchas escuras e imprevisíveis que ocorrem durante a cozedura.
Todas as peças são embaladas manualmente em caixas de cartão reciclado, gentilmente embrulhadas em papel de jornal e acondicionadas com serradura de carpinteiros locais da região de Vila Real - Portugal.” (Renato Rio Costa)